E SE O ARQUITETO NÃO PRECISAR MAIS PROJETAR?

É possível criar um conjunto habitacional inteiro com casas diferentes sem ter que projetar cada casa individualmente?
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Desde que a era industrial trouxe a produção em série para a nossa profissão, acreditamos que para criar um conjunto habitacional, ou devemos projetar uma unidade modelo e replicá-la, ou projetar cada unidade individualmente para que elas se diferenciem na composição do conjunto.
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Isto porque estamos presos ao paradigma que o arquiteto projeta todos os espaços a serem construídos, e não as regras de organização destes espaços.
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Nossa profissão sempre teve um caráter artesanal. Pretende produzir espaços diferentes a pessoas diferentes, porém mantendo os mesmos padrões de qualidade e caráter de conjunto.
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Com os sistemas computacionais, surge a possibilidade da produção industrializada, porém customizada. É a possibilidade de produção de milhares de peças com uma infinidade de variações. A produção em massa, mas customizada (mass customization).
Isto oferece a cada um a possibilidade de ter o produto adaptado às suas necessidades.
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E a aplicação desse conceito na arquitetura é explorada nos estudos do Prof. Dr. José Pinto Duarte, da UTL (Universidade Técnica de Lisboa).
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O que ele propõe é que com o uso de sistemas computacionais é possível produzir arquitetura em escala, porém com diferenciações individuais.
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O arquiteto estabelece as regras da gramática arquitetônica, insere os dados sobre os diferentes clientes (número de integrantes na família, idade, hábitos, etc.) e o computador gera os projetos individualizados das residências, de modo a uma ser diferente da outra, mas no conjunto, compõe um todo que se relaciona.
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A COHAB, por exemplo, não seria composta por uma série de casas iguais, com a mesma orientação e disposição de comodos.
Teria cada unidade adaptada para o número de pessoas de cada família.
Cada casa seria diferente da outra.
Elas manteriam a unidade formal, mas seriam personalizadas.
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A discussão é: Como se transforma o papel do arquiteto com a inclusão desses sistemas na profissão?
O que acontecerá com os TCC e os TFG ?
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5 comentários. Faça o seu!:

LÉLIA D AVILA LIMA disse...

Acredito que será mais uma ferramenta de trabalho. Adequando o trabalho artesanal do arquiteto ao cliente final. Um novo paradigma,
uma nova visão de mercado. Assim como a inclusão de software do CAD aos escritórios foi aceito, criando novos modelos de desenvolvimento de projeto, este também poderá ser bem recebido em nossos escritórios.
Será muito bem-vindo se gerar mais empregos, trabalho, renda e reconhecimento ao profissional.´
Lélia Lima

Gisele Pinna disse...

Cara Lélia.
Muito pertinente. É bem lembrado que nossa profissão sempre se transforma, e que há ainda muito espaço para o reconhecimento de nossa atuação.
Também acredito que nos condomínios de baixa renda (e baixo custo) há a tendência de serem executadas soluções em série, o que por um lado pode otimizar custos, mas oferece espaços de muito pouca qualidade.
Torço para que este novo paradigma contribua para a democratização de espaços de qualidade.
Abs

Felipe Zarpelon disse...

Olá Pinna!
Eu não acredito que um sistema assim seja interessante para a arquitetura.É um passo pro distanciamento do arquiteto da arquitetura. Onde estaria o valor intelectual individual de cada arquiteto? A arquitetura perderia muito do seu real sentimento por um desejo capitalista de progresso. Exatamente como a revolução industrial agiu/age, deixamos de ser pessoas e nos tornamos números. E, acredito que na nossa profissão levamos muito mais coisas em consideração, que não são mensuráveis.
Abraço!

Gisele Pinna disse...

Olá Felipe. Veja que comentário importante o seu.
Muito pertinente. O rico em nossa profissão, nosso diferencial, é intangível, e dificilmente conseguiria ser reproduzido por um software, concordo.
A questão é que esses sistemas estão surgindo. E possivelmente para algumas situações específicas, pode trazer contribuição sim (nem que seja pra melhorar as COHABs da vida).
Mas concordo com você. Nada substitui um arquiteto.
Abs

Gabriel Primeiro disse...

Com o seu comentário acima pergunto, E qual seria o papel do arquiteto? Programar um software para pensar como seriam os objetos?

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